quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Minha Biblioteca



Quando eu era pequena e morava numa cidade também pequena, era muito difícil ter acesso a livros. Eu lia tudo que me caía nas mãos e, depois de descobrir o reembolso postal, comecei a comprar livros com o dinheiro que juntava ou ganhava dos meus pais.

A sensação de ir aos Correios pegar os pacotes, abri-los lentamente e desvendar seus conteúdos secretos deve ter me marcado profundamente por que, mesmo depois de adulta, continuo a repetir estes gestos, agora graças à ajuda da internet e ao desenvolvimento da logística.

Minha biblioteca de livros sobre bordados e de livros ilustrados com bordados vem crescendo razoavelmente nos últimos meses. Não sei direito se isto ocorreu por causa do nascimento do blog ou se o blog nasceu por causa da chegada dos primeiros livros! ;-D

Ontem, uma remessa que comprei pela Amazon chegou e me deixou extasiada... Que coisas lindas podem ser feitas com a combinação prosaica de linha e agulha... O pacote continha um livro diferente da Trish Burr (Crewel & Surface Embroidery), outro livro lindo sobre trabalhos japoneses que utilizam o silk embroidery (Painting With a Needle, da Young Yang Chung), o Three-Dimensional Embroidery Stitches (Pat Trott), e por fim, mais um pequeno volume sobre receitas de pontos (Embroidery Stitches, da Mary Webb), o terceiro da minha coleção. São livros maravilhosos, que não canso de apreciar.
Sim, é mesmo um bordado...

No entanto, de todos os meus livros, alguns dos “mais preferidos” (para usar um pleonasmo dos meus meninos, que adoro) são os da Ângela Dumont, que apresentam lindos trabalhos feitos a muitas mãos por sua família. É a síntese do encontro feliz da singeleza com a técnica.  

Meus "mais preferidos"

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Fechando Gestalts


Bordado em pontos livre, realizado na fronha.

Domingo passado, fechei uma “gestalt”, por assim dizer. A colcha bege com o bordado de orquídeas foi terminada, depois de muitos meses. A comparação com uma gestalt refere-se ao fato de que foi este trabalho que permitiu o meu reencontro com o bordado livre e, posteriormente, despertou o desejo de escrever sobre o assunto; era algo que estava em aberto e se encerrou, deixando um importante saldo para mim.

A vontade de criar um blog estava latente, aguardando um tema que fosse, ao mesmo tempo, desafiador e apaixonante. Já havia pensado em escrever sobre muitas coisas, mas nada parecia relevante o suficiente. Quando o insight para escrever sobre trabalhos manuais ocorreu, não deixou sombra de dúvida.

O bordado, executado nas duas fronhas e na barra da colcha bege foi um campo de testes para muitos pontos. As flores foram executadas em ponto margarida e cheio. Nas folhas, experimentei diversas combinações de ponto haste, atrás e cadeia. Nas orquídeas, alternei o ponto matiz e o ponto cheio. O desenho original era um gráfico para ponto cruz que adaptei por meio de uma folha de papel de seda branco. Espero que gostem do resultado.
Detalhe da outra fronha, usando pontos diferentes.
Detalhe da barra da colcha, com ponto rococó em lilás.
Flores em ponto margarida, botões em ponto cheio.

Quando arrumados, no entanto, os bordados das fronhas e da colcha pareceram pequenos e desproporcionais para o tamanho da cama... Fiquei achando que eu deveria ter bordado algo mais contínuo, ao longo da barra e da altura das fronhas... Aprendizados.
Ficou ou não ficou pequeno?

Bordados da barra da colcha.

Nem todas as gestalts fechadas deixam o gosto de sucesso irretocável na boca. Algumas são até dolorosas, para dizer a verdade. Mas fechá-las é sempre positivo. Faz a gente melhor.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Giveaway para os Margaret Sherry Lovers

MSherry Giveaway #1

A Nia, do Caixinha de Pirlimpimpim, tem um outro blog, o Margaret Sherry Lovers, em inglês, que mostra lindos trabalhos feitos a partir de gráficos da Margaret Sherry. Neste blog, ela está oferecendo um Giveaway com o qual já comecei a sonhar...

Se você quiser participar, basta deixar um comentário ou twittar, não precisa ser seguidor (como eu!!!).

Mas vou logo avisando: tenho o costume de ganhar sorteios, hein?! ;-D

Bom dia a todos!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Bookmarks Revolution


Novo projeto do bookmark do meu irmão, depois do fracasso com o ponto cruz

Projeto do bookmark para a Little Miss Venezuela
Adoro cinema/literatura e adoro séries. Combinação explosiva, essa. Tudo que vem a partir de três – exceção feita aos vampirinhos atuais, para os quais já tive minha cota há tempos – me causa cosquinhas no nariz, um sinônimo para a tal “comichão cerebral” já comentada em outro post (clique aqui).


Assim, quando meu irmão me desafiou na confecção do seu bookmark (veja um título de péssimo gosto aqui) eu achei que ficaríamos naquilo. Em seguida, após o post publicado e de saber que ele viajaria para os recônditos da América de Sul para encontrar a Flávia, não titubiei: “Você leva o bookmark dela?” “Claro, você já fez?” “Não... – cosquinha no nariz – Por quê?” “Por que você não faz com os dizeres “Little Miss Venezuela”?”

Gênio! Sabe, uma das coisas que me empolga nos trabalhos manuais é saber que pode contentar das nossas tias e avós aos designers do momento! Tal qual a culinária, de repente chega um maluco que, com os mesmos ingredientes detonados diariamente pela minha secretária, faz uma tal comida molecular – ou coisa que o valha – e nos deixa com aquela sensação de “uau!”. É a mesma coisa e não é. A base é a mesma, mas o resultado é totalmente diferente.

Estou meio posh com os projetos em andamento, é fato. Estou achando que peguei um ponto básico – o vagonite – e estou criando algo um pouco diferente do habitual. No bookmark do meu irmão, usei uma gama de cores meio dark (preto, roxo, verde escuro, bege, chumbo e prata) e deixei, de propósito, sem acabamento, para criar a tal sensação de roto. Vou bordar uns besourinhos para simular as traças, que teriam roído o “A”, inicial do nome dele.

O "A" já riscado na etamine pro bookmark do meu irmão
Com a base já preenchida. Adorei a combinação de cores!
No bookmark da Flavia, usei como base a bandeira da Venezuela, com suas cores e estrelas que circulam a palavra “Miss” em letra cursiva, que pretendo bordar em branco ou pink, com preenchimento em ponto haste. As demais palavras pretendo bordar em ponto atrás ou haste, em uma cor contrastante.
Início do trabalho no bookmark da Flavia, com as cores da bandeira da Venezuela
Base já preenchida. Os dizeres, em carbono amarelo, estão quase imperceptíveis...
O título deste post remete ao último filme da Trilogia Matrix que, vez por outra assisto, só para matar a saudade, assim como Senhor dos Anéis e, mais recentemente, a Trilogia Millenium. No final da semana passada fui fisgada por uma série mais uma vez: As Crônicas de Gelo e Fogo, cujo livro 1 – A Guerra dos Tronos – acaba de ser lançado. Baixei o primeiro capítulo na internet e não resisti: terei muitos momentos de ansiedade aguardando as seis continuações previstas pelo autor...

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Dente de leite


Há alguns dias, meu filho mais velho perdeu seu primeiro dente de leite. Esta situação é banal e corriqueira para quem é pai e mãe. Para mim, uma canceriana empedernida, foi devastador. Chorei um rio.

Explico-me: toda mãe tem seus ritos de passagem com relação ao crescimento dos filhos. Algumas choram na retirada da mama, outras da mamadeira, outras quando os filhos largam a chupeta, outras ainda no primeiro dia de escola... Eu chorei quando o Gui perdeu seu primeiro dentinho.

Ali, ficou claro para mim o fim da primeira infância dele. Tudo, dali por diante, é permanente, inclusive os dentes com os quais ele viverá até o fim da vida. Foi a constatação da fugacidade (e da fragilidade) daquele breve período que me emocionou...

Hoje, sem eu esperar, o Linhas Matizadas perdeu seu primeiro dentinho de leite.

Explico-me de novo: quando criei o blog, ingenuamente acreditei que o simples ato da criação já faria com que os robôs de pesquisa de sites como o Google, por exemplo, o encontrassem. Ledo engano! Eu ainda não sabia que no mundo virtual, tal qual no mundo real, a gente só existe pelo olhar do Outro! Em outras palavras, era preciso uma quantidade (que não sei precisar) de acessos para que o blog pudesse ser “enxergado” e passasse a ser localizado quando as palavras fossem digitadas no campo de busca.

Vou confessar: isso me deprimia... Cada vez que eu digitava “linhas matizadas” e vinha tudo menos o link para o blog, meu narcisismo levava um soco no estômago.

A Gis, sabedora da minha aflição narcísica, foi realizar uma busca eventual e, pasmem!, finalmente os robôs acordaram! Para mim, foi como se o blog perdesse uma certa característica de impermanência, de vir a ser, tivesse saído da sua primeira infância. Ele agora existe pro mundo!

Óbvio que, tal qual os passos de cada um dos meus filhos nesses breves primeiros anos, cada acontecimento do blog ficou registrado na minha memória: os primeiros comentários, a primeira vez que pessoas de outros países acessaram os posts, os fracassos ocasionais e os acertos...

Antes que este post afunde ainda mais na pieguice, quero agradecer a todos por compartilharem comigo esta aventura, pelos comentários carinhosos e animadores e pelas visitas anônimas que fizeram da estatística a minha ciência preferida nos últimos meses. ;-)

sábado, 11 de setembro de 2010

Além da queda...

Fronha com vagonite em linha matizada

Detalhe dos contornos em ponto cadeia e ponto atrás.
Não que seja um fato que cause estranheza, mas minha mãe é motoqueira. Ou
melhor, usa uma Honda Biz lilás para se locomover. O que é praticamente uma
regra nas cidades do interior do país.

Ontem ela se tornou motoqueira por que sofreu uma queda das boas. Guardará
os "troféus" dessa experiência e, quando perguntada, afirma que escapou por
pouco, que o acidente foi feio, mas que a moto pouco sofreu. Como todo
motoqueiro que se preze, o veículo aparece antes na avaliação dos danos...
Mudou de estatuto, realmente.

Não é a primeira vez que a minha mãe aparece no blog. Em outra oportunidade,
escrevi sobre a relação entre o trabalho manual que executamos juntas quando
ela fez uma delicada cirurgia para a retirada de um tumor no pescoço, coisa
superada. O bordado em vagonite com uma linha matizada foi concluído e eu
montei, há muitos dias, duas fronhas com ele, porém, por algum motivo que
não consigo precisar, não o fotografei para o blog.

Após a notícia do acidente e de constatar que ela está bem, pareceu-me mais
que oportuno mostrar o trabalho concluído. É como uma prestação de contas.
Só para garantir. 

Um "A" roto e outras invencionices (que trocadilho infame...)

Projeto rabiscado no moleskine.


Meu irmão se queixou, recentemente, de ser o único jornalista em São Paulo
que ainda não tem um Kindle (ou um iPad). Obviamente levei alguns segundos e
alguns cliques para ligar o nome ao produto.

Imediatamente, a Série Bookmarks lindinhos e personalizados pareceu
despropositada ou, antes, peça de museu, como aqueles bibelôs vitorianos.
Quase choro. 

Estariam os meus queridos livros, com toda sua textura, cor e peso,
condenados? A mente pragmática processava, em outro lugar, que utilidade
teriam as novas estantes do escritório, enquanto meu irmão defendia que os
leitores de e-books não condenariam os livros físicos e me mostrava o
potencial da ferramenta, os benefícios de sua portabilidade, etc.

Para me acalmar/alegrar/consolar, meu irmão disse que "adoraria" receber o
seu bookmark personalizado, adepto, como eu, do cheiro dos livros de papel.
Mas teria uma condição: queria ele fosse bem roto, como se estivesse comido
por traças. Adorei a idéia e o desafio do projeto. Minha cabeça
imediatamente começou a fervilhar de possibilidades e técnicas.

Rabisquei um desenho no moleskine, mas continuo em dúvida sobre a técnica
que melhor possa reproduzir o trabalho das traças. Ponto cruz, vagonite,
bordados livres? Cartas para a redação deste blog. 

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Por que blogar?

Novos monogramas e marcadores embalados para presente

Verso dos marca páginas com "lembretes" 

Detalhe do monograma com borboletas


Não é segredo para quem convive comigo o quanto sou empolgada com o meu blog. Falo dele sempre que possível, busco formas de torná-lo conhecido para todo tipo de gente (inclusive as que não gostam de trabalhos manuais...), etc.

Mas durante esta semana passada, vários acontecimentos me trouxeram uma pergunta insistente: por que blogar? Aos mais apressadinhos vou logo adiantando: não encontrei uma resposta única e exata.

No rés do chão, encontrei meus delírios de grandeza: para ser lida e admirada por milhões, publicar um livro (quem sabe um dia...), ter fama e riqueza (seria mais fácil acertar a megasena acumulada?!), influenciar pessoas do mundo inteiro a bordar no tempo livre... Delírios.

Trazendo a pergunta pro nível da realidade, outras constatações: a alegria de receber os comentários de amigos ou desconhecidos que visitaram o blog e, em algum aspecto foram tocados ou gostaram de algum trabalho publicado, saber que você PODE escrever e que o escrito tem valor para outrem, verificar as estatísticas e ver que pessoas de diferentes países acessaram o blog, conhecer outros blogueiros que compartilham a mesma paixão...

Boas respostas para quem, como eu, além das suas atividades cotidianas de profissional, dona-de-casa, mãe dedicada, filha amorosa, irmã solícita, tia brincalhona e esposa apaixonada, tem que encontrar tempo para produzir conteúdos. No caso deste humilde blog, posso dizer que são dois conteúdos, já que os trabalhos postados também são, com algumas maravilhosas exceções, executados por mim integralmente.

De outro lado, as frustrações competem bravamente com as alegrias. Sim, não existe mesmo uma lei que obrigue a quem navega pela blogosfera a deixar um “oi” que seja. Muita gente é tímida na internet mais que na vida real: lê, gosta, pensa em comentar, mas... desiste... Outros acham que se tornar “seguidor” do blog é quase como assinar uma comunhão total de bens... Aaaffff!...

A sensação de escrever para ninguém é desalentadora, mas a esperança que nos empurra deixa um gostinho bom de vingança na boca quando ajuda a refutar a história dos escritores que afirmam só escrever para si mesmos e mais ninguém. Balela total! A gente sempre escreve para ser lido pelo Outro (assim mesmo, com “O” maiúsculo)! E eu nem precisava ser psicanalista para saber disso...


Com a minha vivência como blogueira, comparo alguns comportamentos às regras de educação usadas quando visitamos a casa de alguém: você sai sem se despedir? Não, a menos que esteja fugindo ou roubando! ;-) Assim, antes que o post vire um “muro das lamentações” intermináveis, o placar foi ligeiramente favorável às alegrias.

Espero um dia não voltar a alardear que escrevo “só pro meu prazer”. Mentira total, auto-engano, conversa despeitada de gente que não sabe reconhecer a derrota! A verdade nua e crua é que escrevo para você. Se cair bem, se você esboçou um breve sorriso com os posts ou colocou algum trabalho naquelas listas de “coisas a fazer”: BINGO! Terei marcado um pontinho.

Na outra hipótese, a lista de coisas a fazer é minha:
-          Tornar o blog interessante;
-          Postar conteúdos que sejam relevantes;
-          Aprender a escrever;
-          Perder com classe;
-          Perseverar.

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