Girassóis, de Van Gogh, tela bordada pela Gislene. Sunflowers, Van Gogh, embroidered by Gislene. |
Van Gogh sempre foi um pintor que me impressionou muito.
Não tanto por sua conturbada história de fracassos e outras bizarrices, como a
orelha decepada, mas pela angustia e, ao mesmo tempo, vitalidade de suas obras.
Confesso que a tela “Girassóis”, de 1888, não é a minha
preferida. Se eu pudesse, teria “A noite estrelada”, de 1889, na qual um céu
noturno aparece salpicado de grandes estrelas, bem revolto, com uma cidade
palidamente iluminada ao fundo.
Mas eu tenho uma história antiga
com os “Girassóis”. Minha amiga Gislene, responsável por me trazer de volta o
ponto cruz, bordou essa tela incrível e me deu de presente.
Este presente possui diversos significados: para ela, este
foi seu primeiro “trabalho extremo” com ponto cruz; bordá-lo, deu a certeza de
que esta técnica permitiria outras “ousadias”, nas quais ela trabalha
lindamente neste momento. Para mim, significa, além da sua superação, uma prova
de amizade ímpar: horas de trabalho dedicados a propiciar “cor e luz” para a
minha casa.
Van Gogh foi a personificação do fracasso durante sua curta
vida. Suicidou-se aos 37 anos, após viver na doença mental seus últimos dias.
Os “Girassóis” decoravam seu quarto, na França, talvez para trazer-lhe um pouco
de cor e luz ou a visão de um mundo no qual houvesse esperança.
A superfície da tela mostra os girassóis como que sacudidos
pelo vento, as tintas evocam pinceladas revoltas, angustiadas. A desordem que
sentimos no arranjo das flores dá indícios do caos interior do pintor e eleva a
natureza morta ao extremo, se é que posso falar assim. Não é a mera reprodução
de uma cena, com suas luzes e sombras, mas, sim, a expressão da subjetividade
do artista que a observa.
Assim, também a Gis leva sua arte ao extremo. Fiquei muito emocionada
com o presente, que ganhará lugar de destaque na minha casa e não me deixará
esquecer que a amizade é o que confere luz e cor às nossas vidas. Nos momentos
em que estiver sombria, os girassóis poderão
lembrar-me que mesmo uma noite sem estrelas termina para dar lugar a um novo
dia.
*****
Van Gogh was a painter who always impressed me. Not so much by its troubled history of
failures and other oddities, like the severed ear, but the anguish and at the
same time, the vitality of his works.
I confess that the painting "Sunflowers", 1888, is not my
favorite. I prefer "The
Starry Night", 1889, in which appears a night sky dotted with big stars
and disheveled, with a city in the background.
But I have an ancient history with the "Sunflowers". My friend Gislene, responsible for
bringing me back cross stitching, embroidered this incredible canvas and gave
me like gift.
This gift has several meanings: for her, this was her first
"extreme work" with cross stitch; embroider it, gave the assurance
that this technique would enable other amazing things, in which she works
beautifully now. For me it means a proof of friendship: hours of work dedicated to
providing "color and light" to my house.
Van Gogh was the personification of failure during his short life. He committed suicide at age 37 after
living in mental illness his last days. The "Sunflowers" decorate your
room, in France, perhaps to bring you a little color and light or vision of a
world in which there was hope.
The surface of the screen shows that as the sunflowers shaken by the
wind, the ink strokes evoke riots, anguished. The disorder that we feel in the
arrangement of flowers shows signs of the chaos inside the painter, if I may
say so. Not the mere
reproduction of a scene, with its lights and shadows, but rather the expression
of the subjectivity of the artist observes.
Thus, Gis also takes her art to the extreme. I was very thrilled with this gift which it
will gain a prominent place in my house and not let me forget that friendship
is what gives light and color to our lives. In the moments that are dark, the
sunflowers will remember that even a starless night will give way to a new day.
2 comentários:
Ah Si.... Não posso deixar de repetir o quanto adoro o que e como você escreve. Você é uma amiga incrível! Obrigada pelo desafio de bordar um Van Gogh. Realmente foi especial. Eu amo você!
Lindo, o bordado, a imagem e a prova de amizade!
=) Gosto desse conjunto todo.
Parabéns Simone, Parabéns Gislene!
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