Dia desses, um casal amigo fez um desafio no Facebook:
listar os 10, e somente 10, livros que mais marcaram a minha vida, contribuindo
para a minha formação como leitora.
No primeiro momento, eu fiquei muito receosa. Expor listas
assim nas redes sociais é sempre um desnudar-se. Ou encobrir-se, considerando
que eu poderia citar o que bem quisesse, parecer mais culta do que sou, quem
sabe? rsrsrs
Depois de pensar um pouco, e em consideração à amizade que
tenho pela verdade, optei por fazer uma reflexão verdadeira sobre o assunto e,
aos poucos, uma lista tomou forma em minha cabeça, em ordem cronológica,
remontando desde as primeiras leituras até aquelas mais recentes, mas todas
sobre as quais penso até hoje:
- Monteiro Lobato, “Reinações de Narizinho”
- José Mauro de Vasconcelos, “Meu Pé de Laranja Lima”
- Agatha Christie, Assassinato no Expresso do Oriente”
- Hermann Kai, “Eu, Cristiane F., 13 Anos, Drogada e Prostituída”
- Gabriel García Márquez, “Cem Anos de Solidão”
- Fiódor Dostoievski, “Os Irmãos Karamazov”
- Guimarães Rosa, “Grande Sertão: Veredas”
- Simone de Beauvoir, “Todos os Homens São Mortais”
- Sergio Buarque de Holanda, “Raízes do Brasil”
- Eça de Queiroz, “Os Maias”
Entre estes livros, o mais “difícil”, por assim dizer, foi
Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Falar sobre um clássico da
literatura brasileira é sempre tarefa ingrata para quem, como eu, apenas sinto
o poder das palavras. Não tenho formação para resenhar um clássico como este.
O livro não possui uma narrativa linear. As lembranças de
Riobaldo, um jagunço, representante do sertão-mundo, narram as guerras entre
jagunços, vinganças e o sentimento especial que nasce entre ele e seu amigo,
também jagunço, Diadorim.
Texto de Divulgação:
“Nesta obra de Guimarães Rosa, o sertão é visto e vivido
de uma maneira subjetiva e profunda, e não apenas como uma paisagem a ser
descrita, ou como uma série de costumes que parecem pitorescos. Sua visão
resulta de um processo de integração total entre o autor e a temática, e dessa
integração a linguagem é o reflexo principal. Para contar o sertão, Guimarães
Rosa utiliza-se do idioma do próprio sertão, falado por Riobaldo em sua extensa
e perturbadora narrativa. Encontramos em ´Grande Sertão: Veredas´ dimensões
universais da condição humana - o amor, a morte, o sofrimento, o ódio, a
alegria - retratadas através das lembranças do jagunço em suas aventuras no
sertão mítico, e de seu amor impossível por Diadorim.”
Falar mais que isso é spoiler. Este livro incrível
tem muito a ensinar a quem estiver disposto a desvendar seus mistérios, sua
linguagem-esfinge.
Sofri demais lendo este romance, chorei e ri. Criei todas as
paisagens em minha mente, imaginei Riobaldo, sua natureza crua, imaginei
Diadorim, com seus traços finos e delicados, imaginei a confusão de Riobaldo,
tentando entender o que se passava em seu peito sempre que olhava o amigo.
Profundamente humano, deliciosamente atemporal.
Anote aí minha avaliação: leitura obrigatória. Um
livro não se torna clássico à toa, né?
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