Eu acalento um sonho antigo, travestido em papéis e arquivos
eletrônicos soltos: escrever meu livro. Não sei como ou quando, apenas sei por
que. Consigo senti-lo em minhas mãos, mas não sei sobre o que versará. Consigo
suportar a ideia de que ninguém venha a lê-lo, e, ao mesmo tempo, tenho
delírios de grandeza: ser lida por muitos, emocionar, fazer rir ou chorar.
Talvez por este preâmbulo você imagine que tenho um respeito
reverencial por livros, quaisquer sejam. Já comprei mais, hoje estou imbuída do
espírito de ler o que tenho na estante. Dôo muito, para dividir o encantamento.
E nunca antes, na vida, tinha jogado um livro no lixo. Nunca. Até a última
terça-feira de carnaval.
Para jogar um livro no lixo, eu constatei que aquele livro
não seria útil a mais ninguém. Sua mensagem não tinha qualquer valor. Ou seja,
somente o papel poderia ser reaproveitado, mas a minha repulsa era tão grande
que não me contive e, num gesto dramático, joguei-o – literalmente – no lixo.
Não me orgulho do gesto e não ignoro que, quem escreveu,
jamais desejaria que isto ocorresse. Mas este livro, para mim, é extremamente
ofensivo. Sob a bandeira do liberalismo feminino, muito se tem feito para
deturpar e denegrir a imagem da mulher. E isto, independentemente da questão de
gênero, é inaceitável para mim.
Antes que alguém pergunte, tampouco sou falsa moralista.
Reconheço o valor e a necessidade libertária e transgressora da boa literatura
erótica e nunca, jamais, confundirei esta com qualquer coisa cinza vendida
atualmente. Mas a escatologia que consigo suportar tem limites precisos,
demarcados.
Não, não vou dizer o nome do livro aqui no blog, em respeito
à autora e para não repercuti-lo (se sua curiosidade for tão grande quanto a
minha costuma ser, prometo te dizer o título via email, ok?). Para finalizar,
acho que vale a pena dedicar um tempinho à escolha dos títulos, para não jogar
tempo e dinheiro fora, como fiz desta feita...
Porém, desistir de ler e descobrir novos autores, nunca!
Boas leituras!