domingo, 4 de julho de 2010

Onde vive a tristeza?

Eu não sou uma pessoa muito sociável, digo, naturalmente sociável. Gosto demais da minha individualidade, de momentos de silêncio, paquero com a solidão (talvez por não viver imersa nela), coisa realmente luxuosa para quem tem dois pequenos e o batalhão de atividades que estão implícitas (e explícitas) na tarefa de criar.
Isso se torna mais evidente em tempos de fervor e euforia, quando fico quase outsider. A euforia que se espera não vive em mim. Prefiro me ocupar com outras coisas, o que fiz durante todos os jogos anteriores do Brasil, durante esta Copa do Mundo. Os capotes da capa de garrafão da Nathália estão quase prontos, materializados durante os jogos. Minha cintura ganhou calorias a mais de bolos que fiz e comi, saboreando a vitória dos meninos do Brasil.
Mas a tristeza, tema deste post, não veio da derrota do Brasil para a Holanda. Ela está comigo desde ontem, como uma sombra. Às vezes fico assim, meio fechada dentro da concha, ou como o lado escuro da lua que a gente não vê, mas tá lá... Tenho uma consciência cristalina destes momentos e, em algumas ocasiões, sei exatamente o acontecimento que precipita a colocação de uma espécie de lente gris sobre o mundo.
Desde ontem à tarde estou olhando para onde vive a tristeza. Meu sentimento mistura nostalgia do que foi e do que poderia ter sido, uma dosezinha de desesperança, um quê de impaciência. Dura o tempo suficiente para que eu não esqueça a fragilidade das coisas e das relações e possa valorizá-las. Não sei explicar como se vai. Às vezes, quando dou por mim, o mundo tem cor de novo.
Durante os breves momentos em que os monstros ficam me espreitando sobre os ombros, tenho certeza do poder terapêutico dos trabalhos manuais e quase me arrependo de não estar fazendo um mestrado em psicologia. O pragmatismo dos administradores é da luz e não das sombras, varridas para debaixo de algum tapete desenvolvimentista.
Enquanto milhões lamentam a derrota da seleção, eu lamento saber que outros tantos estão imersos em longos diálogos com a tristeza e esta vai ganhando corpo e os engolfando lentamente. Existem milhares para os quais a lente gris vira regra. Para quem o tempo parou.

PS: Quase desisti deste post... tão sombrio...

2 comentários:

Gislene Ellery disse...

Dias nos quais nos sentimos sombrios e ensoladaros fazem parte da beleza da vida!
Além disso, tem o lance o inferno astral, né? Afinal, tá chegando a hora de vc nascer de novo!

Beijo!

Karla Daniella disse...

Não é à toa que já estou ajeitando meu canto para cuidar de desenvolver minhas artes manuais...URGENTE! rsrsrs...ótimo lembrar de mais essa afinidade entre nós!

Bjos!


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