terça-feira, 27 de julho de 2010
“Está feliz? Então sorria!”
Depois de um breve recesso – pausa criativa – a comichão cerebral tem recomeçado aos poucos. As coisas se processam assim mesmo: às vezes preciso de um tempo, no qual as agulhas que parecem invenções despropositadas ou, como diz o meu pequeno, “assustadoras”.
Mini flash back:
1. Conjunto bege com orquídeas ainda inconcluso, me aventurei pelo bordado com fitas e descobri que a minha habilidade não seria menor se estivesse usando um traje espacial...
2. Na fila continuam a capa de garrafão com motivos de pimentas, já pesquisadas.
3. Minha amiga Gis se superou no bordado da Ferrari para a toalha do Gui, em ponto cruz. Agora, trabalha herculeamente nos girassóis de Van Gogh, trabalho que levou a mim e o ponto cruz a rompermos irremediavelmente... Estou tentando convencê-la a postar algo sobre sua experiência para construirmos um blog a muitas mãos...
Mini flash forward:
1. Conjunto bege na cama, lençol e fronhas, totalmente acabados, numa quinta feira qualquer de agosto ou setembro...
2. Eu vagando pelos armarinhos de Lisboa, comprando linhas as mais diferentes, esquecida do mundo...
3. Trabalhos da Marie Claire Ideés, que comprei na Livraria da Travessa no Rio, realizados com sucesso: satisfação total, beirando o nirvana...
De férias com os meninos no Rio, achei a cidade absolutamente “bordável”. Na Livraria da Travessa, comprei dois volumes da coleção Marie Claire Ideés sobre bordado e fiquei absolutamente encantada. Enquanto devorava as técnicas e motivos, meu menor confundiu minha cara concentrada com uma “cara brava”:
- Mãe, por que você ta com essa cara brava?
- Não to brava, filho... Tô concentrada.
- Concentrada? (longa explicação sobre o que vem a ser concentração para um ser humano de três anos...)
-Ah, ta... Então você ta feliz?
- (Eu exultante com meu achado) Tô feliz sim, filho...
- Então sorria!
Moral da história: felicidade e sorrisos estão inextricavelmente vinculados desde a mais tenra infância. A gente é que cresce e esquece. E no Rio todo mundo parece que fala rindo... rsrsrsrs
domingo, 4 de julho de 2010
Como um dia de domingo...
Quase desisti do último post... Meu marido, que leu antes de eu publicá-lo, estranhou: “tá ruim assim?”. Tá passando. Hoje, domingo, os meninos melhores, reagindo às medicações, uma vontade de fazer alguma coisa, um dia inteiro para fazer o que der na telha... Decidi publicá-lo por que resolvi escrever e isso significa uma espécie de desnudamento.
Pela manhã, concluí o tema dos capotes. Preenchi as partes maiores com o vagonite. Os coraçõezinhos do corpo fiz em ponto cheio, com contorno em ponto atrás, para destacar. Os contornos das cristas fiz em ponto palestrina. Na cabeça, ponto cadeia e no resto do corpo, ponto haste. Abaixo das aves, um jardinzinho bem delicado, para testar alguns pontos que há muito eu queria fazer.
Na seqüência, as pimentas chilli da D. Ana, que a minha irmã propôs em vermelho, laranja, amarelo e verde. Pensei em desenhá-las por toda a capa, como se estivessem caindo. Como o motivo é pequeno, não cabe centralizá-lo ou enquadrá-lo. Estou propensa, no entanto, a testar o bordado em fita, que nunca fiz antes o que parece que acontecerá antes da capa das pimentas.
Durante o resto do dia, me dediquei à produção dos panos de prato coloridos. Estou experimentando sem os bordados em vagonite, por não tê-los prontos, apenas aplicando tecidos, bordado inglês, viés ou fitas “gregas”. Fazer o preço de venda ainda é um problema...
Como vêem, um domingo produtivo. Ainda arranjei tempo para uma corridinha no parque e para experimentar mais uma receita do La Cucinetta (http://www.lacucinetta.com.br/), o Bolo Simples de Limão, que ficou bem delicado, algo como um pão de ló. Não tivemos a paciência de esperar as horas recomendadas pela Ana Elisa, comemos ainda morno e o xarope de limão, da cobertura, grudou um pouco no dente... Um preço pequeno a pagar pela impaciência. Rsrsrsrsr
Onde vive a tristeza?
Eu não sou uma pessoa muito sociável, digo, naturalmente sociável. Gosto demais da minha individualidade, de momentos de silêncio, paquero com a solidão (talvez por não viver imersa nela), coisa realmente luxuosa para quem tem dois pequenos e o batalhão de atividades que estão implícitas (e explícitas) na tarefa de criar.
Isso se torna mais evidente em tempos de fervor e euforia, quando fico quase outsider. A euforia que se espera não vive em mim. Prefiro me ocupar com outras coisas, o que fiz durante todos os jogos anteriores do Brasil, durante esta Copa do Mundo. Os capotes da capa de garrafão da Nathália estão quase prontos, materializados durante os jogos. Minha cintura ganhou calorias a mais de bolos que fiz e comi, saboreando a vitória dos meninos do Brasil.
Mas a tristeza, tema deste post, não veio da derrota do Brasil para a Holanda. Ela está comigo desde ontem, como uma sombra. Às vezes fico assim, meio fechada dentro da concha, ou como o lado escuro da lua que a gente não vê, mas tá lá... Tenho uma consciência cristalina destes momentos e, em algumas ocasiões, sei exatamente o acontecimento que precipita a colocação de uma espécie de lente gris sobre o mundo.
Desde ontem à tarde estou olhando para onde vive a tristeza. Meu sentimento mistura nostalgia do que foi e do que poderia ter sido, uma dosezinha de desesperança, um quê de impaciência. Dura o tempo suficiente para que eu não esqueça a fragilidade das coisas e das relações e possa valorizá-las. Não sei explicar como se vai. Às vezes, quando dou por mim, o mundo tem cor de novo.
Durante os breves momentos em que os monstros ficam me espreitando sobre os ombros, tenho certeza do poder terapêutico dos trabalhos manuais e quase me arrependo de não estar fazendo um mestrado em psicologia. O pragmatismo dos administradores é da luz e não das sombras, varridas para debaixo de algum tapete desenvolvimentista.
Enquanto milhões lamentam a derrota da seleção, eu lamento saber que outros tantos estão imersos em longos diálogos com a tristeza e esta vai ganhando corpo e os engolfando lentamente. Existem milhares para os quais a lente gris vira regra. Para quem o tempo parou.
PS: Quase desisti deste post... tão sombrio...
Isso se torna mais evidente em tempos de fervor e euforia, quando fico quase outsider. A euforia que se espera não vive em mim. Prefiro me ocupar com outras coisas, o que fiz durante todos os jogos anteriores do Brasil, durante esta Copa do Mundo. Os capotes da capa de garrafão da Nathália estão quase prontos, materializados durante os jogos. Minha cintura ganhou calorias a mais de bolos que fiz e comi, saboreando a vitória dos meninos do Brasil.
Mas a tristeza, tema deste post, não veio da derrota do Brasil para a Holanda. Ela está comigo desde ontem, como uma sombra. Às vezes fico assim, meio fechada dentro da concha, ou como o lado escuro da lua que a gente não vê, mas tá lá... Tenho uma consciência cristalina destes momentos e, em algumas ocasiões, sei exatamente o acontecimento que precipita a colocação de uma espécie de lente gris sobre o mundo.
Desde ontem à tarde estou olhando para onde vive a tristeza. Meu sentimento mistura nostalgia do que foi e do que poderia ter sido, uma dosezinha de desesperança, um quê de impaciência. Dura o tempo suficiente para que eu não esqueça a fragilidade das coisas e das relações e possa valorizá-las. Não sei explicar como se vai. Às vezes, quando dou por mim, o mundo tem cor de novo.
Durante os breves momentos em que os monstros ficam me espreitando sobre os ombros, tenho certeza do poder terapêutico dos trabalhos manuais e quase me arrependo de não estar fazendo um mestrado em psicologia. O pragmatismo dos administradores é da luz e não das sombras, varridas para debaixo de algum tapete desenvolvimentista.
Enquanto milhões lamentam a derrota da seleção, eu lamento saber que outros tantos estão imersos em longos diálogos com a tristeza e esta vai ganhando corpo e os engolfando lentamente. Existem milhares para os quais a lente gris vira regra. Para quem o tempo parou.
PS: Quase desisti deste post... tão sombrio...
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